sexta-feira, 11 de setembro de 2020

tão fácil estar perto quando estamos longe

 

 

Uma das grandes apostas que me a atual situação nos proporciona pode parecer ridícula e pode parecer um retrocesso, mas parece-me uma necessidade. O distanciamento social a que estamos sujeitos vem questionar-nos sobre a nossa capacidade de estar perto apesar de estarmos longe. A primeira ideia que vem à cabeça quando queremos testar próximos apesar da distancia, é o recurso ao online. 

Durante o período de confinamento vimos crescerem as "criações" inovadoras e arrasadoras a tal ponto que se chegou ao cumulo de no mesmo dia e na mesma hora termos o bispo diocesano a celebrar e um qualquer padre numa qualquer paroquia a fazer o mesmo. Há mesma hora? ?? só encontro uma explicação: concorrência. Quando duas entidades fazem o mesmo à mesma hora só pode ser para concorrerem entre si para ver quem tem mais adeptos e seguidores. Tratando-se da missa e do bispo o caso torna-se bem mais complicado e ate grave. 

O afá de criar e estar lá, levou a atitudes irracionais e irrefletidas. Desde celebrações por toda a parte à mesma hora, até carros alegóricos com imagens de santos a passear pelas ruas, e padres a benzer portas e paredes pelas ruas solitárias das suas paróquias... tudo foi possível. Cheguei a pensar que afinal o que realmente importa nas festas religiosas é a passerelle das imagens pelas ruas... o que sempre acreditei que não era o realmente importante. 

Quero com estas pseudocriticas chegar a um ponto de reflexão: Para chegar perto de quem está longe é mesmo preciso inventar formas encenadas e caricaturadas da fé? E que tal a leitura ( em formato de  papel) da Palavra de Deus? Sem ser necessário distribuir panfletos ou folhas (proibida a distribuição) porque não limpar o pó daquela Bíblia que esta lá em casa a servir de apetrecho na estante e que em alguns casos nunca foi aberta? Não é esta uma forma de estar perto quando se está longe? Palavras escritas são muito mais apreciadas e guardadas no coração; além da escrita elas trazem cheiro e  podem ser repetidas, e escritas e gravadas de forma única. Lembro a minha primeira Bíblia pelo cheiro que as páginas tinham.

Tenho comigo no baú das coisas importantes da minha vida cartas que um certo padre me escreveu quando eu era jovem. As vezes releio-as e estou certo que hoje sou padre graças a elas. Da mesma forma não me canso de reler textos da Bíblia que já li vezes sem conta e que me surgem sempre novos e acutilantes. Admito ainda que muita da força que está neles escondida se deve ao fato de estarem escritos: um texto lido e o mesmo texto ouvido não ecoa cá dentro da mesa maneira. 

A primeira redescoberta que esta pandemia veio trazer à igreja é a necessidade de voltar ao texto escrito.. para ler... sublinhar... anotar... reescrever e até decorar, para mais tarde citar. o online fica muito lá para tras. Quando se trata de estar perto de quem está longe... nada como texto escrito.  Por isso num destes domingos à tarde me deliciei a ler os epitáfios do cemitério da minha terra: que sabedoria, que vida e que verdades ali se contam. 

É tempo de ler ou reler a Palavra de Deus que essa Bíblia que tens em casa te transmite... não esperes que alguém a leia por ti em frente de uma câmara.. se queres estar perto desse teu Deus que parece estar longe abeira-te dele onde ele está. E ele está ao alcance da tua mão.

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